Olá famílias tudo bem?
Hoje venho conversar com vocês sobre um assunto muito comum e importante na infância e que faz parte do desenvolvimento normal das crianças: o medo infantil. Recebo e-mails, observo nas conversas de bate-papo materno, recebo no meu consultório que muitas famílias têm dúvidas sobre o medo infantil, por que acontece, como lidar, o que é normal.
Por isso, resolvi escrever um pouco de maneira técnica e colocando também minha experiência de mãe (não consigo separar muito uma coisa da outra já que sou psicóloga e mãe na mesma pessoa rsrsrs) sobre o Medo Infantil.
Vamos entender o medo
Primeiro precisamos entender que o medo é algo inerente a nossa espécie que serve para nos proteger de uma ameaça. O medo faz parte da natureza humana e é um estado emocional que ativa os sinais de alerta do corpo diante de um perigo ou uma ameaça.
A região do cérebro mais ativa durante os momentos de medo é a amígdala, localizada abaixo do lobo temporal. O cérebro regula nossas emoções e o instinto de preservação nos movimenta ou nos paralisa a depender da nossa reação diante de determinada situação.
O medo é uma reação em cadeia no cérebro e um determinado estímulo libera compostos químicos que aumentam a frequência cardíaca, aceleram a respiração e energizam os músculos. Por isso, temos algumas reações fisiológicas muito comuns quando sentimos medo.
O medo faz parte do desenvolvimento normal da infância e, normalmente, ele é transitório. O medo é um alerta de que algo está ameaçando a criança, pelo menos na percepção dela. Com a evolução da idade, os medos vão ficando diferentes e mudando porque a observação da criança para com o mundo também vai se alterando.
A criança que tinha medo de palhaço agora tem medo de altura e outros medos considerados comuns para a idade vão se alterando.

Quando a criança é muito pequena, muitas vezes ela não consegue explicar o medo que está sentindo. Só fica apavorada, chora e tem pesadelos. Tenha paciência e vá investigando o que realmente está acontecendo. Os momentos do banho e antes de dormir são ótimos e relaxantes para essa “investigação indireta”.
Subestimar o medo é uma das piores atividades que os pais podem fazer porque isso invalida o sentimento da criança, que para ela é muito real.
A ausência de medo também é algo para os pais se preocuparem porque pode se tornar algo perigoso. Como por exemplo, a criança não perceber a altura de algo e se colocar em risco.
Leia também: Minha filha tem medo do Papai Noel
Faixas etárias e medos comuns
Como já vimos, os medos infantis são comuns e até positivos para o desenvolvimento infantil desde que sejam coerentes com a faixa etária e com a intensidade. Os temores são variados de acordo a criança e da experiência de vida dela. Por exemplo, uma criança que fica internada ou vai para o hospital pode desenvolver medo de jaleco, de instrumentos de uso hospital, de médico.
Há alguns medos que são comuns de acordo com a faixa etária e é importante observar isso no dia a dia da criança para ajudá-la porque vai depender do grau de entendimento cognitivo dela para melhorar o medo.
0 a 6 meses – medo de ruídos fortes ou de perda de segurança (medo da separação dos cuidadores).
7 a 12 meses – medo de pessoas estranhas, de altura, de objetos estranhos, de separação dos seus cuidadores.
1 ano – medo de separação dos cuidadores e de se machucar.
2 anos – medo de ruídos fortes (como liquidificador, aspirador de pó), separação dos pais, pessoas estranhas ou situações desconhecidas.
3 anos – medo de escuro, monstros, pessoas com máscaras (palhaço ou pessoas fantasiadas).
4 anos – medo de animais, ruídos noturnos, fantasmas
5 anos – medo de pessoas más como ladrão ou “homem do saco”
6 a 11 anos – medo de fantasmas e bruxas, de dormir sozinho, da morte, de acidentes, medo de críticas e de fracasso escolar.

Dicas úteis para os pais ajudarem seus filhos
- Respeite o medo da criança! Esse é um sentimento real dela mesmo que você não entenda ou perceba o risco que ela relata.
- Não desvalorize o sentimento dela! Não diga “você não precisa ter medo, está sendo um fracote” ou “ter medo de que, não tá vendo que fantasma não existe”. Diga: “filho, eu sei que você está com medo, vamos olhar todo seu quarto que você vai ver que não tem fantasma aqui” ou “eu entendo seu medo e vou te ajudar a superar isso”.
- Converse muito com a criança! Tente explicar a realidade daquele medo mostrando a lógica, se há necessidade de ter medo, ou até que pode ter certo medo mas que não precisa ficar apavorado (como por exemplo, de altura).
- Leia livros infantis com o tema medo ou temas relacionados ao medo dela e vá mostrando que ela não precisa ter medo daquilo. Veja algumas indicações de literatura infantil abaixo.
- Transmita segurança! Seja um porto seguro para seu filho e aquela pessoa que ela pode contar seus medos e ajude. Não embarque na fantasia do seu filho e sim o ajude a encarar a realidade de maneira lúdica e sem cobranças.
- Não passe seus medos para seu filho! Alguns pais possuem medos específicos que não foram resolvidos durante a vida. Procure não passar esse medo para seu filho e o encoraje. Se você tem medo de altura (assim como eu), peça outra pessoa para levar seu filho nas aventuras de altura, estimule, encoraje. Ele não precisa continuar os medos que você tem.
- Não faça medo no seu filho! Isso é algo bem importante, não fica ameaçando ou colocando medo no seu filho. Já vi vários pais falando do famoso Homem do Saco ou que é para o filho não ir na roda gigante porque ela vai parar lá em cima e ele vai cair. Não faça isso! Não aterrorize seu filho. Sobre segurança explique que se ele sair de perto pode se perder ou outra pessoa leva-lo para longe da família e isso não vai ser legal (explique o motivo e não simplesmente faça medo, até porque essa situação de roubo de crianças tem se tornado mais comum do que imaginamos).

Quando procurar ajuda especializada?
Essa é uma dúvida muito comum dos pais, quando procurar ajuda especializada para o medo do meu filho? Como saber se esse medo é algo normal ou algo patológico?
Nem sempre os temores infantis acabam com o passar da idade ou com a ajuda dos pais e aí é necessária a intervenção de um profissional especializado, que é o psicólogo.
O limiar de medo normal e patológico deve ser observado no âmbito de prejuízo e sofrimento da criança. Se esse medo faz com que a criança fique aterrorizada, ela deixa de interagir com outras crianças ou pessoas, deixa de aproveitar situações prazerosas da vida, está com algum prejuízo escolar, procure um psicólogo urgente.
O psicólogo vai ajudar a criança a expor seus sentimentos, identificar as emoções, reprogramar suas crenças sobre o medo, analisar situações de medo, criar estratégias para vencer seu medo e muitas outras melhorias. Nesse caso, a orientação para os pais é muito importante e deve ser feita também pelo profissional que está atendendo seu filho.
Livros infantis que podem ajudar de maneira lúdica a diminuir o medo das crianças
- Quando sinto medo (Trace Moroney)
- Quando tenho medo (Cordelia Maude Spelman)
- Medo de quê? (Flávia Côrtes)
- Por que ter medo? (Molly Wigand)
- Cadê o medo? (Gisleine C. Franklin)
Se você tiver alguma dúvida ou sugestão de tema sobre psicologia geral ou infantil, basta nos indicar na área dos comentários.
Beijos e até a próxima!
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ótimas dicas de como lidar com o medo, muitos não sabem como agir diante do medo!
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